Em julho de 2000 a revista Fotografe Melhor (nº 47) publica uma matéria dizendo que a fotografia digital já tem qualidade de analógica. “Lentes mais potentes, agilidade na hora de fotografar, versatilidade na manipulação, facilidade de armazenamento e aumento na definição são alguns dos motivos que deixam as câmeras digitais em pé de igualdade com as analógicas”. Acreditem se quiser essas maravilhas da fotografia digital tinham dispositivos que capturavam imagens de 3,3 megapixel. Mas, o tamanho da impressão era limitado, toda essa qualidade era para imagens com tamanho máximo de 9x12cm, se a intenção era equiparar com a qualidade das imagens analógicas.
Veja essa comparação feita pela Fotografe Melhor de agosto de 1998 (nº 24)
Já deu pra entender que a fotografia digital não nasceu assim essa perfeição que temos hoje. Diga-se de passagem, já temos imagens com 45 gigapixels, eu particularmente não faço idéia do que é ter tantos pixels numa única imagem. Os equipamentos digitais possuem vários recursos que substituem a troca de filmes para p&b, sépia e colorido; e substituem também aquela quantidade enorme de filtros que se colocava nos bolsos dos coletes. Mas, imagine o momento de transição. Como pensar em adquirir um equipamento tão caro que não satisfazia de todo as necessidades do profissional?
Assim como todas as outras especializações o fotojornalismo também sofreu com essa passagem. Não foi um processo muito longo. Para introduzir a tecnologia digital nas redações dos jornais foi preciso também renovar equipamentos e os fotojornalistas tiveram que se adaptar a eles. Mas, as vantagens eram muitas assim como as promessas de evolução tecnológica.
As primeiras câmeras digitais começaram a surgir por volta dos anos de 1980. Elas foram ganhando espaço a medida que a tecnologia evoluía. Foi na Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, que a eficiência desse sistema começou a ser testada para o fotojornalismo. Mesmo assim foi feito um mix de tecnologias, pois os equipamentos digitais ainda eram pesados e de baixa resolução e a tecnologia de transmissão de imagens ainda estava em fase de desenvolvimento. E foi na França, Copa do Mundo de 1998, que os fotojornalistas brasileiros começaram a usufruir das agilidades da fotografia digital numa cobertura esportiva.
Foto: Célio Jr. - AE - 12/07/1998 |
O fotógrafo e editor de fotografia do jornal O Tempo Leonardo Lara conta que “foi uma corrida por equipamentos que tivessem uma boa resposta, o que na época, era muito difícil e caro adquirir uma câmera digital com performance semelhante ao analógico”. Ele explica que eram câmeras com resposta muito lenta para o instante jornalístico. Porém a transmissão da imagem digital era facilitada depois de captada. “Nos primeiros meses saíamos com os dois formatos, digital e analógico para o campo e fazíamos alguma imagem em digital e o grosso em câmera analógica”.
Leonardo também fala da grande vantagem do digital nas redações, “os fotojornalistas comemoravam tal tecnologia por resolver o maior dilema do fotojornalismo que é o tempo em que a imagem é apresentada ao editor ou a mídia em relação ao momento em que a fotografia foi tirada”.
Muitas questões giram em torno da qualidade das imagens no fotojornalismo. Leonardo afirma que é necessário um volume de pixels suficiente para garantir a reprodução da imagem em papel. Para o jornal impresso o mínimo é de 200 dpis e para revista 300 dpis, e, para publicar em internet uma quantidade bem menor, 72 dpis de resolução. Existe também a questão das fotografias enviadas por amadores e leitores. Nesse caso Leonardo explica que “em jornalismo o critério maior é a informação. Tendo uma foto especial, vale publicá-la até mesmo desfocada ou tremida”.
Não foi só a tecnologia que mudou. O dia a dia do fotojornalista também passou por um up grade, “Muita correria e uma necessidade urgente em dominar as tecnologias dos equipamentos e dos softwares e uma enorme mudança no olhar uma vez que os disparos tornaram menos custosos e assim, em um primeiro instante, clicar mais em prol de um olhar mais refinado pareceu ser uma alternativa ao medo de perder a cena”.
Hoje com equipamentos digitais simples já podemos produzir imagens satisfatórias para o fotojornalismo. Como as fotografias abaixo que foram realizadas com uma câmera compacta Cannon PowerShot A430.
Pedinte na Feira de Artesanato da Afonso Pena, BH (foto: Bárbara Mendonça) |
Período de chuvas, dezembro de 2009, BH (foto: Bárbara Mendonça) |
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